domingo, 26 de abril de 2009

Onde está eu? Onde está você?

Algumas cirscutâncias da vida levam a esquecermos de nós mesmos. A estranha sensação é de olhar e não se ver. Não se ver por não se reconhecer, através de situações até então inimagináveis. E não se ver, literalmente, por não conseguir se enxegar, tamanhos são os embaraços do nosso universo interior. Estamos cá, diante de nós mesmos e não encontramos respostas para as próprias perguntas. Parecemos pião de brinquedo, dando voltas ao redor de si mesma, ou novelo de lã, amorratadas de confusões. São nessas circusntâncias que ficamos àvidos a cometer os piores erros, de tão distantes que ficamos dos nossos próprios valores. Como ferida que cicatriza, parece que são nesses momentos que criamos uma pele nova, mas aquela, mais áspera, vai ser formada e arrancada. Duro mesmo não é não se ver. Isso, em alguns momentos, é inevitável. Duro é não deixar a mudança acontecer. É tentar trapacear um processo natural que se inicia e, quando menos esperar se conclui.

O tempo de cada um

Tudo precisa de um tempo. Tempo para nascer, para dormir, para acordar, para comer, para banhar, para correr... tempo para curar... tempo para amar.. tempo para nada! E cada pessoa tem o seu tempo de ter tempo. Olha lá! Ela está fechada. Fechada, não. Totalmente vedada. E nem percebe. Quantas vezes pediu para o amor chegar.. desse jeito como ele chega? Em seu coração, pelo menos agora, não cabe mais um outro. E ele é escurraçado que nem cachorro, pois ela está completa por si mesma. Completa? Ou completa de uma incompletude intocável? Uma fera ferida. Uma fera precisando mesmo é ser domada. Mas é o tempo dela. Tempo sem hora certa pra acabar. Gélida? Para sempre só? Ela precisa disso agora para encarar as amarguras do dia-a-dia e as fraquezas da própria alma. Já vejo a hora em que esse coração cansar de estar seco e sair em uma verdadeira ronda, numa caça foraz pelo objeto de desejo. Amar e ser amado é, da natureza do homem, a mais bela e inalterável.

Bonito é ser quem somos

É lindo ver as pessoas na pureza delas mesmas. Na simplicidade de serem unicamente o que são. Mas às vezes isso até assusta, quando nos deparamos diariamente com as várias máscaras que elas fazem questão de expor. Então, quando encontramos com a transparência em pessoa, olhamos estranhamente para aquele novo ser, que ora se revela. Mas ser o que se é não é tão simples assim, pelo menos para algumas pessoas que já passaram na minha vida. É estar no ápice da própria vulnerabilidade, escondida atrás da própria alma que teima em querer se revelar.
Como é bom estar ao lado de pessoas que são somente elas mesmas! Sentimos a leveza da presença, o riso parece fluir mais fácil e até a gargalhada é mais doce. Todas as barreiras desmoronam e é como se todos à voltam se contagiassem em apenas ser quem de fato é. Acedito que por mais que as pessoas se revertam de máscaras diárias, quando menos esperarmos elas cederão para a propria essência, aquela antes irrevelável, que se mostra, se expõe, tal qual uma criança, quando é dada a luz.

sábado, 25 de abril de 2009

Brasília...

... de manhã 25, à noite 19 graus.... e aqui dentro estou fervendo de amor...

Ana Jácomo, tiro o chapéu!

Esse texto é de autoria da linda Ana Jácomo (anajacomo.blogspot.com), uma escritora que admiro imensamente pela habilidade que tem com as palavras, e pela forma como ela expõe as belezas da alma através delas. Ela nem sabe, mas muito de seus textos eu gostaria de ter escrito.. são lindos!!! Vale a pena conhecer seu trabalho. (Kátia, esse texto é pra vc amiga!)

"em muitos trechos do caminho, às vezes bem longos, carregamos muito peso na alma sem também notar. A gente se acostuma muito fácil às circunstâncias difíceis que às vezes podem ser mudadas. A gente se adapta demais ao que faz nossos olhos brilharem menos. A gente camufla a exaustão. A gente inventa inúmeras maneiras para revestir o coração com isolamento acústico para evitar ouvi-lo. A gente faz de conta que a vida é assim mesmo e ponto. A gente arrasta bolas de ferro e faz de conta que carrega pétalas só pra não precisar fazer contato com as nossas insatisfações e agir para transformá-las. A gente carrega tanto peso, no sentimento, um bocado de vezes, porque resiste à mudança o máximo que consegue, até o dia em que a alma, cansada de não ser olhada, encontra o seu jeito de ser vista e de dizer quem é que manda.
Eu fiquei pensando no que esse peso todo, silenciosamente, faz com a alma. No que isso faz com os sonhos mais bonitos e charmosos e arejados. No que isso, capítulo a capítulo, dia-a-dia, faz com a nossa espontaneidade. No que isso faz, de forma lenta e disfarçada, com o desenhista lindo que mora na gente e traça os risos de dentro pra fora. E o entusiasmo. E o encanto. E a emoção de estarmos vivos. Eu fiquei pensando no quanto é chato a gente se acostumar tanto. No quanto é chato a gente só se adaptar. No quanto é chato a gente camuflar a própria exaustão, a vida mais ou menos há milênios, que canta pouco, ri pequeno e quase não sai pra passear. Eu fiquei pensando no quanto é chato a gente deixar o coração isolado para não lhe dar a chance de nos contar o que imagina pra nós e o que podemos desenhar juntos nessa estrada.
Mas chega um momento em que me parece que, lá no fundo, a gente começa a desconfiar que algo não está bem e que, ainda que seja mais fácil culpar Deus e o mundo por isso, vai ver que os algozes moram em nós, dividindo espaço com o tal desenhista lindo que, temporariamente, está com a ponta do lápis quebrada. Sem fazer alarde, a gente começa a perceber os tímidos indícios que vêm nos dizer que já não suportamos carregar tanto peso como antes e a viver só para aguentar. Devagarinho, a gente começa a sentir que algo precisa ser feito. Embora ainda não faça. Embora ainda insista em fazer ouvidos de mercador para a própria consciência. Embora ainda estresse toda a musculatura da alma, lesione a vida, enrijeça o riso, embace o brilho dos olhos, envenene os rios por onde corre o amor. Por medo da mudança, quando não dá mais para carregar tanto peso, a gente aprende a empurrá-lo, desaprendendo um pouco mais a alegria. Quase nem consegue respirar de tanto esforço, mas aguenta ou pelo menos faz de conta, algumas vezes até com estranho orgulho. Até que chega a hora em que a resistência é vencida. A gente aceita encarar o casulo. A gente deixa a natureza tecer outra história. A gente permite que a borboleta aconteça.
Nascemos para aprender a amar, a dançar com a vida com mais leveza, a criar mais espaço de conforto dentro da gente, a ser mais felizes e bondosos, a respirar mais macio, essa é a proposta prioritária da alma, eu sinto assim. Podemos ainda subestimar a nossa coragem para assumir esse aprendizado. Podemos nos acostumar a olhar o peso e o aperto, nossos e dos outros, tanto sofrimento por metro quadrado, como coisa que não pode nunca ser transformada. Podemos sentir um medo imenso e passar longas temporadas quase paralisados de tanto susto. Podemos esgotar vários calendários sem dar a menor importância para o material didático que, aqui e ali, a vida nos oferece. Podemos ignorar as lições do livro-texto que é o tempo e guardar, bem escondido do nosso contato, esse caderno de exercícios que é o nosso relacionamento com nós mesmos e com os outros. Apesar disso tudo, a nossa semente, desde sempre, já inclui as asas. Já inclui o voo. Já inclui o riso. Já é feita para um dia fazer florir o amor que abriga. E, mais cedo ou mais tarde, ela floresce."

O motivo

Neguinha, você está me inspirando! O nível agora é outro, amiga. O céu é o limite! E pelo que parece ele não tem fim. Não sinto o cheiro do impossível ao meu redor. Quem vai nos segurar??? te amo!